1.20- ALICERCES E FUNDAÇÕES
Os alicerces e fundações de obras residenciais, por mais dispendiosos que sejam, muito bem executados com blocos ou sapatas, brocas ou estacas, com vigas baldrame e tudo isto excepcionalmente impermeabilizado, terão na maioria das vezes seus custos situados no intervalo de 10% a 15% do custo total da obra.
Então com certeza não é neste item do orçamento da obra que se deve economizar. E o que é pior: qualquer falha ou defeito na fundação será de difícil reparo e irá comprometer definitivamente o que fôr construído encima dela.
1.21- REBAIXOS PARA TUBULAÇÕES NO PISO
Em construções de sobrados, existindo condutores de águas pluviais que descem da cobertura, ou banheiros nos pavimentos superiores, que lançam suas águas e esgotos em canalizações embutidas no piso do pavimento térreo, deve-se prever rebaixos nas vigas dos alicerces, que permitam alojar as curvas (longas) embutidas na alvenaria.
Uma solução, sem perfurar ou quebrar as vigas-baldrames, é rebaixá-las e assentar várias fiadas de tijolos que ficarão enterradas, ou construir como mostra a figura abaixo, rebaixando apenas as estacas, blocos e vigas dos trechos por onde descem essas tubulações.
1.22- ADENSAMENTO PERFEITO DO CONCRETO COM VIBRADOR DE AGULHA
De modo geral, o concreto ideal é aquele que apresenta uma mistura com a maior trabalhabilidade, o mais fraco atrito interno, com a quantidade mínima de água.
Mas concretos com pouca água, ou secos, não podem ser colocados nas formas e adensados manualmente. Por isso foi preciso descobrir artifícios, dos quais o mais usado é a vibração.
A vibração tem por efeito, reduzir ou anular o atrito interno entre seus componentes.
Adense com o vibrador de agulha sempre na vertical, até notar a subida da água de amassamento e a saída das bolhas de ar do interior do concreto. Evite vibração excessiva.
O vibrador deve ser introduzido e retirado lentamente do concreto, para evitar a formação de vazios na massa. Deve estar sempre na vertical. Se estiver inclinado e for retirado com giro, provavelmente haverá formação de vazios não visíveis (bicheiras) embaixo dele.
Se para uma agulha de vibrador interno verificamos um raio de ação de 0,20m isto quer dizer que para vibrar completamente o concreto, devemos colocar sucessivamente a agulha a cada 30cm, de maneira que todo o volume seja efetivamente vibrado. A distância de colocação deve ser 1 vez e meia a do raio de ação.
Se para uma agulha, achamos um raio de ação de 0,30m, isto quer dizer que para vibrar completamente o concreto, devemos colocá-la a cada 45cm.
O raio de ação aumenta com a potência do vibrador (proporcionalmente à raiz quadrada). Um vibrador com uma potência 4 vezes maior, apresenta um raio de ação que é o dobro para a mesma frequência.
As baixas frequências (1.500 rpm) põem em movimento os agregados graúdos. As frequências médias (3.000 a 6.000 rpm) fazem vibrar os agregados médios, as altas frequências (12.000 a 20.000 rpm) fazem vibrar a areia e o cimento.
A vibração em baixa frequência necessita de muita energia porque deve pôr em movimento os agregados graúdos, a massa mais importante.
Conclui-se que devemos empregar de preferência a mais alta frequência disponível, pois ela adensa a argamassa que passa a envolver e lubrificar os agregados, ocupando todos os vazios, além de ser o processo mais econômico.
INICIANDO O ADENSAMENTO:
Preencha a primeira camada de concreto em toda a extensão da viga/laje/blocos, com uma espessura menor que o comprimento da agulha (geralmente 30 cm).
Ao colocar o vibrador de agulha para vibrar a camada de cima, deve-se tomar cuidado para não vibrar novamente a camada de baixo, que apresenta uma consistência firme, e se perfurada com a ponta do vibrador de agulha, correrá sérios riscos de obter vazios.
Apenas a massa de concreto é que deve ser vibrada. Evitar seu contato com as armaduras e com as formas, para não deslocá-las de sua posição e evitar sua separação do concreto.
A finalidade da vibração não é de produzir apenas a liquefação do concreto, facilitando a colocação no lugar, mas ainda o adensamento. Este tem lugar pelo aumento da compacidade e com a saída do ar.
O concreto, durante a vibração, está praticamente liquefeito e seus grãos maiores têm a tendência de descer por força da gravidade.
OCORRE SEGREGAÇÃO
Da vibração resulta agora um concreto estratificado, onde as pedras maiores ficam no fundo e a pasta de areia/cimento/água fica na superfície. Isto acontece quando o concreto está muito úmido e a água está dosada em excesso.
Nos casos em que há pouca pasta, fenômeno inverso pode acontecer. A argamassa vai para o fundo da armação e os vazios se formam em cima, por falta de argamassa para envolver as pedras.
Portanto a relação argamassa/agregado graúdo deve ser dosada cuidadosamente, para que no concreto compactado todos os vazios sejam preenchidos.
OUTROS CUIDADOS:
Evite os "caranguejos" metálicos. Dê preferência aos distanciadores de plástico ou similares, para garantir o cobrimento mínimo das armaduras (barras e estribos).
Molde sempre os corpos de prova para comprovar a resistência do concreto.
Na retomada da concretagem, a superfície de emenda ou junta de concretagem deverá ser raspada, picoteada e lavada com água sob pressão, tornando-se áspera para receber adesivos e a nova camada.
Seguindo estes passos, a concretagem vai demorar digamos, 10% ou 20% a mais, mas em compensação seu concreto estará com excelente qualidade, sem bicheiras.
Submetido a uma cura e secagem adequadas, poderá ser classificado como de “controle rigoroso”.
Acompanhe abaixo a concretagem de uma laje de um edifício.